Acordei as 7h e fui arrumar minha mochila. Todo dia sempre tinha que dobrar o saco de dormir e depois colocar as roupas no saco estanque porque caso chovesse já estava tudo preparado para não molhar. E depois ajeitava as outras coisas, como a necessaire com shampoo, sabonete, condicionador e meus cremes (de mao e de rosto) e pomadas (de arnica com mentol e uma americana para reumatismo e dores musculares), a necessaire com os eletronicos (ipod e carregador de celular) e a necessaire com os remedios, parecia uma farmacia ambulante, nunca se sabe... E assim fazia minha mochila, todo dia do mesmo jeito, sempre pela praticidade. A roupa ja sabia qual iria colocar, nao tinha muita escolha rsrs, so 2 calças, 3 blusas, 1 fleece, 1 jaqueta de chuva, 2 gorrinhos e 1 luva, sem muitas dificuldades.
E assim começava o meu dia, depois me encontrei com os espanhois e fomos tomar cafe, encontramos uma cafeteria aberta que era de um argentino.
Começamos a caminhada e quase pegamos o caminho errado, mas as pessoas locais nos ajudaram a inidicar o caminho. Andamos uns 6km e chegamos em Azofra, paramos para tomar agua e descansar. Decidimos parar para comer na próxima cidade. Caminhamos mais 9km entre muitos vinhedos onde pude ver o pessoal fazendo a colheita, o patrão ficava dentro do carro com ar-condicionado enquanto que os funcionários, maioria africanos ilegais, ficavam no sol forte colhendo as uvas. Seguimos nossa caminhada e encontrei novamente o coreano que conheci em Los Arcos, naquele jantar com Hartmut. Depois chegamos numa cidade que tinha um clube de golf chique e várias casas e apartamentos que são de temporada estavam à venda, o que reflete a crise economica que a Espanha está vivendo. Nessa hora meu quadril voltou a doer e muito, ainda bem que os bastões ajudaram muito a caminhada. Quando estavamos quase chegando ao centro de Cirueña para almoçarmos começou uma garoa e apressamos o passo. Entramos na cidade e fomos até o café, ótima parada pois começou a chover forte e estávamos com fome. Comi um sanduiche que sobrou de ontem, feliz da vida, pois o bocadillo era meio caro. Tomei um café com leite para calientar a alma e comi chocolates para dar energia.
Continuamos a caminhada e encontrei um brasileiro, o Paulo, primeiro peregrino brasileiro a pé que encontro. Vi pela bandeira do Brasil que carregava na mochila. Ele contou que estava caminhando e que só parava quando não aguentasse mais, sem ter um planejamento certo de onde iria parar. Continuamos caminhando por uma reta que parecia não ter mais fim. Fiquei conversando com Maxxi e me assustei de saber que ele trabalha há 10 anos como operador de pallets, perguntei se ele gostava de fazer isso mas ele não soube me responder. Daí pensei, tem pessoas que nem sabem se são felizes em fazer uma atividade por tanto tempo e nem tentam mudar ou ir atrás do que realmente gostam.
Finalmente chegamos em Santo Domingo de la Calzada, o albergue era de voluntários e o pagamento era de donativos, quanto quisesse. Vi que tinha uma sala de orações e fui ali praticar um pouco de yoga. Encontrei um senhor frânces que estava praticando pranayama e ficamos ali em silêncio e realizando nossas praticas. Depois fiquei deitada com as pernas pra cima, otimo pois o teto era inclinado e eu podia enconst-alo pois estava na cama de cima do beliche. Fui tomar um banho bem quente pois chovia e fazia frio. Passada a chuva fui passear pela cidade, encontrei uma confeitaria com vários doces típicos. Uma delícia pois estava frio, nada como um café e um doce. Saindo do café encontrei os espanhois e combinamos de jantar juntos. Dai fui visitar a torre da cidade, subi até o topo onde tinha os sinos e encontrei o Paulo, por causa da chuva ele decidiu passar a noite em Santo Domingo. Ficamos conversando sobre o Caminho e nossas histórias. E quando deu 7h os sinos tocaram, foi tão lindo, momento único como todos so sinos que já tocaram em todas as cidade que passei. Depois fui jantar com os espanhois e as italianas, muito engraçado a comunicação, meio italiano meio espanhol mas todo mundo se entendia. Após o jantar fui com o Javi visitar a catedral numa visita noturna guiada. Foi extraordinário o que vi, as historias que escutei, momento para relembrar sempre.
Entre Nájera e Santo Domingo
Colocando os pés cansados para cima...
Torre de Santo Domingo de la Calzada
Catedral de Santo Domingo de la Calzada
Sino da torre de Santo Domingo de la Calzada
Vista da torre de Santo Domingo de la Calzada
Plaza Mayor de Santo Domingo de la Calzada
Azitonas e vinho, típico da região de Navarra
Catedral de Santo Domingo de la Calzada na visita noturna.