15 de janeiro de 2012

Etapa 09 - Nájera a Santo Domingo de la Calzada

Etapa 09 - Nájera a Santo Domingo de la Calzada, 21km

Acordei as 7h e fui arrumar minha mochila. Todo dia sempre tinha que dobrar o saco de dormir e depois colocar as roupas no saco estanque porque caso chovesse já estava tudo preparado para não molhar. E depois ajeitava as outras coisas, como a necessaire com shampoo, sabonete, condicionador e meus cremes (de mao e de rosto) e pomadas (de arnica com mentol e uma americana para reumatismo e dores musculares), a necessaire com os eletronicos (ipod e carregador de celular) e a necessaire com os remedios, parecia uma farmacia ambulante, nunca se sabe... E assim fazia minha mochila, todo dia do mesmo jeito, sempre pela praticidade. A roupa ja sabia qual iria colocar, nao tinha muita escolha rsrs, so 2 calças, 3 blusas, 1 fleece, 1 jaqueta de chuva, 2 gorrinhos e 1 luva, sem muitas dificuldades.
E assim começava o meu dia, depois me encontrei com os espanhois e fomos tomar cafe, encontramos uma cafeteria aberta que era de um argentino. 
Começamos a caminhada e quase pegamos o caminho errado, mas as pessoas locais nos ajudaram a inidicar o caminho. Andamos uns 6km e chegamos em Azofra, paramos para tomar agua e descansar. Decidimos parar para comer na próxima cidade. Caminhamos mais 9km entre muitos vinhedos onde pude ver o pessoal fazendo a colheita, o patrão ficava dentro do carro com ar-condicionado enquanto que os funcionários, maioria africanos ilegais, ficavam no sol forte colhendo as uvas. Seguimos nossa caminhada e encontrei novamente o coreano que conheci em Los Arcos, naquele jantar com Hartmut. Depois chegamos numa cidade que tinha um clube de golf chique e várias casas e apartamentos que são de temporada estavam à venda, o que reflete a crise economica que a Espanha está vivendo. Nessa hora meu quadril voltou a doer e muito, ainda bem que os bastões ajudaram muito a caminhada. Quando estavamos quase chegando ao centro de Cirueña para almoçarmos começou uma garoa e apressamos o passo. Entramos na cidade e fomos até o café, ótima parada pois começou a chover forte e estávamos com fome. Comi um sanduiche que sobrou de ontem, feliz da vida, pois o bocadillo era meio caro. Tomei um café com leite para calientar a alma e comi chocolates para dar energia.
Continuamos a caminhada e encontrei um brasileiro, o Paulo, primeiro peregrino brasileiro a pé que encontro. Vi pela bandeira do Brasil que carregava na mochila. Ele contou que estava caminhando e que só parava quando não aguentasse mais, sem ter um planejamento certo de onde iria parar. Continuamos caminhando por uma reta que parecia não ter mais fim. Fiquei conversando com Maxxi e me assustei de saber que ele trabalha há 10 anos como operador de pallets, perguntei se ele gostava de fazer isso mas ele não soube me responder. Daí pensei, tem pessoas que nem sabem se são felizes em fazer uma atividade por tanto tempo e nem tentam mudar ou ir atrás do que realmente gostam.
Finalmente chegamos em Santo Domingo de la Calzada, o albergue era de voluntários e o pagamento era de donativos, quanto quisesse. Vi que tinha uma sala de orações e fui ali praticar um pouco de yoga. Encontrei um senhor frânces que estava praticando pranayama e ficamos ali em silêncio e realizando nossas praticas. Depois fiquei deitada com as pernas pra cima, otimo pois o teto era inclinado e eu podia enconst-alo pois estava na cama de cima do beliche. Fui tomar um banho bem quente pois chovia e fazia frio. Passada a chuva fui passear pela cidade, encontrei uma confeitaria com vários doces típicos. Uma delícia pois estava frio, nada como um café e um doce. Saindo do café encontrei os espanhois e combinamos de jantar juntos. Dai fui visitar a torre da cidade, subi até o topo onde tinha os sinos e encontrei o Paulo, por causa da chuva ele decidiu passar a noite em Santo Domingo. Ficamos conversando sobre o Caminho e nossas histórias. E quando deu 7h os sinos tocaram, foi tão lindo, momento único como todos so sinos que já tocaram em todas as cidade que passei. Depois fui jantar com os espanhois e as italianas, muito engraçado a comunicação, meio italiano meio espanhol mas todo mundo se entendia. Após o jantar fui com o Javi visitar a catedral numa visita noturna guiada. Foi extraordinário o que vi, as historias que escutei, momento para relembrar sempre.

 Entre Nájera e Santo Domingo

 Colocando os pés cansados para cima...
 Torre de Santo Domingo de la Calzada
 Catedral de Santo Domingo de la Calzada
 Sino da torre de Santo Domingo de la Calzada
 Vista da torre de Santo Domingo de la Calzada

 Plaza Mayor de Santo Domingo de la Calzada
 Azitonas e vinho, típico da região de Navarra
 Catedral de Santo Domingo de la Calzada na visita noturna.


8 de janeiro de 2012

Etapa 08 - Logroño a Nájera

Etapa 08 - Logroño a Nájera, são 31 km.

Hoje caminhei com os espanhois pois eles iriam ate Nájera e a hungara Edina disse que não aguentaria andar tanto, nem Leticia e Stefan. Fomos tomar cafe pelo caminho, saindo de Logroño. Como nao tinha muitos lugares abertos a essa hora, pasmem, 7h30, paramos no primeiro que vimos. O lugar era horrivel, parecia um navio pirata todo azul, com pessoas tomando cafe que mais pareciam estar de ressaca. Mas tinha uma promoção de café, tostada e suco de laranja por 2,50 euros, perfeito. Tomamos cafe ali, a tostada estava uma delicia e seguimos nossa caminhada. A saida de Logroño passa por um parque lindo, cheio de pessoas caminhando, muito agradavel.
Na saida do parque encontramos Marcelino, figura tipica do Caminho, que ja fez diversas vezes e sempre com a vestimenta original. Conversamos com ele, tiramos foto e seguimos. Caminhei conversando com Maxxi ate a proxima cidade, Navarrete, e ali paramos para comprar as coisas pro sanduiche, e aproveitei e comprei chocolate, muito barato, Lindt por 1,00 euro, fala serio.... E o pacote com 5 kitkat por 2,00 euros, muito barato, nao tive como evitar. Comemos nosso lanche e seguimos. Como sempre o espanhol Jon, de Bilbao, muito impaciente, mal terminava de comer ja sai correndo, enfim, seguimos no nosso ritmo.
Hoje senti que as vezes queria ficar sozzinha mas o Maxxi nao deixava, o que começou a me irritar, ate pedi pra ficar sozinha, mas acho que ele nao entende o que é isso. Paramos em Ventosa, quase chegando em Nájera, e tomamos uma suco, fazia um calor brutal, descansamos, me alonguei bastante e seguimos.
Chegamos em Nájera sendo recebidos pelo cartaz Peregrinos em Nájera - Nájerinos!!!!Parecia que o albergue era logo ali, mas não, era no final da cidade, ja estava bem cansada e começava a doer o quadril e tive que caminhar mais uns 2km, quase me arrastando. Quando vi atravessamos a ponte e la estava o albergue, afff, esse dia foi cansativo. Chegamos no albergue e parece que todo mundo resolveu chegar junto. Fiquei mais longe descansando pois estava exausta, quando uma voluntaria ficou insisitindo para que eu colocasse as botas no outro quarto, mas disse bem irritada que tinha entendido, mas so estava descansando. Dai sim ela percebeu que eu estava cansada. Enfim, peguei uma cama de cima, o que nao me agradou pois eu estava bem cansada, mas como era um quarto enorme e as camas do outro lado nao tinham sido ocupadas, mais tarde eu trocaria. Fui la pros fundos do quarto que estava vazio e fiquei praticando um pouco de yoga, foi bem proveitoso, consegui me alongar muito bem, fora o banho que estava extremamente gostoso, a agua bem quentinha, coisas boas que tive pelo Caminho rsrs.
Hoje eu tinha que lavar minhas roupas e ia sair caro lavar sozinha e fora que eu não tinha sabão. Quando sai para tomar um cafe encontrei as italianas e combinei com elas de lavarmos juntas. Mais tarde fui jantar com Maxxi, pois ele tinha uma indicação de restaurante que uma amiga dele disse que era muito bom. Realmente a comida era bem gostosa, finalmente comi verduras, coisa rara de se achar pelos restaurantes do Caminho.
Voltamos para o albergue e realmente, as camas do outro lado estavam vazias, aproveitei e mudei de lado, ainda bem, assim nao tive ninguem roncando proximo. Cai na cama e dormi logo pois o cansaço era assustador rsrs.


Saindo de Logroño, sempre seguindo a flecha amarela...

 Parque na saida de Logroño.

Marcelino, o peregrino mais famoso do Caminho.

 
 Inumeros vinhedos do Caminho.

 Pedras tradicionalmente colocadas uma sobre a outra, tambem vi pela trilha Inca que fiz pelo Peru.

Chegando em Nájera.

Etapa 07 - Los Arcos a Logroño

Etapa 07 - Los Arcos a Logroño são 28km

Acordei cedo e tive uma noite otima, no quarto que dormi sozinha. Encontrei com a hungara Edina no albergue dela as 7h como tinhamos combinado. Fazia frio mas tava gostoso e fomos tomar cafe num lugar bem legal, bonito e gostoso, que ficava na praça principal. O cafe era tão gostoso que tomei dois e pedi uma tostada com tomate e um croissant, foi uma delicia, otimo para começar um dia de longa caminhada.
Quando foi 8h saimos para caminhar. O dia estava perfeito, a manha linda, com ceu meio rosado, ensolarado mas bem fresquinho.Mas logo o sol veio para esquentar, pois minhas maos ja sentiam o efeito do frio.Chegamos em Sansol e Torres del Rio, cidades vizinhas. Compramos pao, salame e frutas, para variar comprei Melocoton (pessego), bem amarelo, cheiroso e grande.quem nos atendeu foi uma boliviana que trabalha ali ha anos.
Tivemos algumas subidas e encontramos a francesa Leticia pelo caminho. Chegamos num ponto bem alto e avistamos Logroño. Continuamos o caminho, passando muitas vezes ao lado da rodovia, e chegamos em Viana, que fica a 10km de Logroño. Bem na entrada de Viana tinha uma praça onde estava Leticia, o alemao Stefan e a mexicana, uma senhora mais velha. Aproveitamos para parar e comer algo. Conversamos bastante e nisso chegou também o alemao Hartmut, muito divertido e sempre alegre.
Continuamos por Viana, uma cidadezinha bem charmosa. Bem na frente da catedral percebi que o Stefan estava andando descalço, rsrs, perfeito Hobbit. Leticia e Stefan estavam com fome por isso paramos numa padaria e ficamos ali conversando e curtindo a paz que a 'siesta' da cidade nos proporcionou. A Leticia passou o dia todo fazendo brincadeiras com Stefan, foi muito engraçado, ate nos entramos na brincadeira, descontraindo pelo caminho. Agora faltavam 10km mas pareceu uma eternidade, encontramos Tracy pelo caminho descançando com seus cavalos. Quando parecia nunca mais chegar e eu ja achava que estavamos perdidas encontramos a ponte que dava no centro historico de Logroño, tão linda e serena que me passou uma paz e uma alegria so de saber que faltava aguns metros. Acho que hoje apareceu uma pequena bolha em meu pe, mas nem dei bola, o jeito eh continuar.
Chegamos no albergue e encontrei os espanhois que estavam ja me esperando para tomar vinho, pois esta cidade é famosa por seu s vinhos Crianza. Tomei banho e sai com eles. Finalmente encontrei uma farmacia para comprar um creme de mão, pois estavam muito ressecadas, esta região é muito seca, por isso dos seus vinhedos. Chegamos na famosa rua de bares onde se vai de um a um tomando vinho e comendo pintxos. Um vinho mais gostos que o outro. Como o albergue fechava as 22h, fomos dormir cedo, rsrs.

 Saindo de Los Arcos
 Região bem seca, bom para vinhedos.


 Chegando em Viana, Leticia brincando com a árvore...
 Em Viana, Stefan caminhando descalço, perfeito Hobbit...
Viana
 Leticia e Stefan caminhando rumo a Logroño, agora falta pouco.
 Ponte Rio Elbro, chegando em Logroño, depois dela já era o albergue
 Praça da Catedral de Logroño.
 Tomando vinho Crianza esperando o pintxo de cogumelo, que delicia...

 Vinho crianza e pintxo de fuet, especie de pate, uma delicia!!!



19 de novembro de 2011

Etapa 06 - Estella a Los Arcos

Hoje sera de Estella a Los Arcos, sao 22km.
Acordamos cedo mais um dia depois de dormir com uma pequena sinfonia de roncos, pequena mesmo.
Sai com a Edina para tomarmos cafe num lugar que tinha visto no dia anterior. Tomamos cafe com calma, sem pressa de sairmos logo. Para variar foi um cafe com leite, croissant e suco de laranja. Começamos a caminhada e fomos conversando. Passamos por varios vinhedos, o tempo estava nublado, otimo para caminhadas. E hoje era o dia de passar pela Fonte de Vinho. Chegando na fonte encontramos a francesa Leticia e o alemao Stefan. A fonte de vinho estava vazia, mas foi um momento de descontracao, tiramos foto e vimos que Stefan estava andando descalço pois suas botas tinham machucado seus pes. Nada de se impressionar de algo vindo dele, pois se ele nao gosta de algo logo tenta outra alternativa, sem apego, como nos seus empregos, se nao gosta do trabalho que esta fazendo, muda. Interessante!!!!
Fomos conversando com a Leticia tambem, eh muito bom saber de diferentes experiencias de vida, o que me fez refletir muito. Quando chegamos na proxima cidade, Azqueta, fizemos uma pausa pois o pe da Edina doía muito. Ficamos numa praça e para variar a cidade estava vazia, as pessoas costumam sair somente a noite, muito engraçado isso na Espanha. A Leticia tambem ficou la com a gente, e logo chegou Hartmund, aquele alemao mais velho que eh muito legal. Conversamos mais um pouco, brincamos com os gatinhos esfomeados que ali estavam e continuamos nossa caminhada. Na outra cidade, Villamayor de Monjardin, paramos para comer algo e irmos ao banheiro. Pedi uma cafe com leite e fomos comer o que tinhamos na mochila, que era pao, queijo, salame e pimentao. Logo chegaram Leticia e Stefan, ficamos ali almoçando e conversando. Ficamos um bom tempo ali descansando e curtindo o sol. Voltamos a nossa caminhada, o dia estava quente mas a nossa sorte é que tinha uma brisa de vez em quando. Mais para o final da caminhada, logo chegando em Los Arcos a mochila começou a pesar, mesmo nao sendo muito pesada mas horas ali nas costas cansa. Chegamos em Los Arcos e logo vimos 2 albergues privados, mas fui atras do albergue municipal. Chegando la a Edina queria internet e la nao tinha, entao foi para o privado e eu fiquei la. Como comentei com os hospitaleiros que na noite anterior a cama foi pessima e me doía o quadril, me colocaram num quarto so para mim e com uma cama melhor, que sorte hein. Encontrei umas italianas que começaram em Pamplona, a Leticia, o Stefan e os bulgaras. Tomei meu banho e fui la fora escrever no meu diario e ver como sera o dia de amanha. Logo chegou Hartmund, ele estava no outro albergue mas ficamos ali conversando, ele me entregou um bilhete da Edina para tomarmos cafe da manha ali num cafe ali na praça. Depois ele se foi e eu fiquei escrevendo ate a hora da missa. quando o sino tocou fui para a missa. Foi bem bacana, varios peregrinos estavam la e recebemos a benção do padre juntamente com a Oração do Peregrino na sua lingua. Encontrei Hartmund na missa e fomos jantar, junto com um alemao que esta fazendo de bike e um sul coreano, todos mais velhos que eu. A cidade muito pequena mas os restaurantes e bares da cidade estavam lotados, talvez por ser domingo. Ficamos ali conversando, pedi uma salada pois fazia tempo que nao via uma verdura. Pedimos um vinho para todos. Ri muito com Hartmund que soltou a perola do caminho, "no caminho somos igual Johnny Walker - Keep Walking". Estava tarde e fui dormir.


 Fonte de Vinho


 Arvores tao comum nas cidades do Caminho.

 Casa em Azqueta.
 
 Os muitos vinhedos do Caminho.

 Villamayor de Monjardin.
 Eu, Edina, Stefan e Leticia.
 Villamayor de Monjardin.


Muitos vinhedos.

 Igreja de Los Arcos.

Los Arcos.